A pin up mais bombástica de todos os tempos, nasceu na provinciana capital do Tenesse, no oeste dos Estados Unidos, em 22 de abril de 1924. Bettie Page teve uma perfomance tão especial que seu sucesso continua até os dias de hoje, com seus milhares de fãs cultuando sua estética em vários sites na Internet.
Por vezes simpática, por outras safada, tímida ou devoradora, simples ou exótica, Bettie tanto alternava a imagem de "garotinha", como a de sadomasoquista, sexy e vamp. Ela veio como uma novidade nunca vista no mundo das modelos. Sem figurinos nem produção, ela era responsável por fotos incríveis publicadas em inúmeras capas de revista.
Ela era a segunda filha de 6 irmãos e, quando os pais se divorciaram. Foi difícil para sua mãe Edna, mantê-la, tendo que trabalhar de dia como cabeleireira, e de noite como lavadeira. Foi então que decidiu levar Bettie, com 10 anos, e uma irmã, para uma instituição.
Na adolescência, elas costumavam ficar horas imitando maquiagens e penteados das estrelas. Nesta fase, aprendeu a costurar, o que foi muito útil para que ela pudesse, mais tarde, fabricar as próprias roupas. Foi uma boa aluna na high school e membro do clube de teatro da escola. No anuário de formatura, foi votada como a mais promissora dos estudantes.
Quando se mudou para San Francisco, em 43, recém-casada com Billy Neal, conseguiu um emprego numa loja de casacos de pele, onde desfilava para os clientes. No ano seguinte, foi morar no Haiti, onde ficou até 47, quando voltou aos Estados Unidos. Já separada de Billy, mudou-se para Nova Iorque, onde tudo começou.
Na cidade, encontrou Jerry Tipps, um policial interessado em fotografia, que a clicou para um catálogo só de pin-ups. Ele a apresentou a outros fotógrafos, inclusive a Cascarr, que produziu o primeiro outdoor de Bettie, como uma gostosa ratinha de praia. Em 53, ela já havia feito aparições na TV, esteve no tradicional "Jerry Gleasond Show" e atuou em algumas peças off-Broadway.
Passado alguns meses, e já bem conhecida, estava posando de modelo para as revistas Wink, Eyefull, Titter e Beauty Parade, e suas fotos foram publicadas nas revistas de Robert Harrison. Em 55, ganhou o "Miss Pin up of the world", sua escada para as páginas centrais da Playboy de janeiro, anunciada como "a garota de formas perfeitas".
Como muitas de suas fotos, esta foi estampada em capas de discos, cartas de baralho, bottons e onde mais fosse possível. Existiam vários outdoors de suas poses espalhados pela costa, sempre vestida com românticos biquínis.
Logo em 57, no auge da popularidade, Bettie partiu para a Flórida em busca de sossego. Casou-se por lá em 58, tentou outros empregos e viajou novamente pelos Estados Unidos. Depois deste divórcio, tentou mais um casamento frustrado, na tentativa de suprir a carência por ter vivido a infância num orfanato.
Durante os anos 50 e 60, sua imagem sempre ressurgia como um ícone de moda, principalmente nos meios sadomasoquistas, que babam pela musa. Erik Kroll, foi o idealizador da maioria de suas fotos com temas ligados a uma sexualidade "proibida", inclusive das infindáveis séries lésbicas e de submissão.
Intrigada com seu afastamento, a mídia propôs uma campanha em busca de miss Page. No fim de 60, virou personagem de HQ e inspirou artistas contemporâneos, como Olivia, Robert Blue ou David Stevens, que a desenhou como um dos principais personagens de "Rock Tear".
Décadas longe dos holofotes, Page lutou contra uma doença mental e se tornou uma cristã convertida, voltando à cena na década de 90, ao conceder algumas entrevistas, nas quais se recusava a ser fotografada.
Dois escritores (Karen Essex e James L.Swanson) conseguiram que ela concordasse em falar sobre seu passado, publicando sua biografia autorizada "Bettie Page - Life of the Pin up legend" (1996), ilustrada com as mais famosas poses e parte de um acervo particular. Impediu fotos mais recentes para preservar o anonimato.
Tudo o que Bettie queria é que se contentassem com o que ela já havia feito, pois sua vida tinha tomado um outro rumo, com a discrição que merecem as mulheres normais.
Tentava proteger a família do assédio que sofrera, além das acusações, por parte do Senado norte-americano, de ser uma figura pornográfica. O sucesso que buscou durante a vida, chegou em uma enorme proporção, grande até mesmo para o desinibido "anjo negro", que povoa desde então a imaginação dos que não resistiram à sua estética perfeita e postura arrojada.
Em 11 de dezembro de 2008, aos 85 anos de idade, Bettie Page morreu vítima de uma pneumonia, em um hospital de Los Angeles, nos Estados Unidos, onde permanecia internada desde o dia 02 de dezembro, após ter sofrido sofrido um ataque cardíaco.