sábado, 24 de março de 2012

Tirada de Tarot - Equinócio de Outono/2012 (hemisfério sul)

Entrada do Outono, 20 de março, às 02h14 (horário de Brasília). 

A lâmina que tirei para o período do equinócio ao solstício: 

O Aeon

Eis a carta deste Equinócio. Tendo com regentes, o elemento fogo (energia purificadora, que torna mais sutil o que é explícito e mais claro o que é velado), a letra hebraica Shin (terceira letra-mãe chamada "Dente", que remete a idéia de "devorar", "assimilar" tudo que nos cerca), e o caminho cabalístico Malkut-Hod (que conecta a Vontade de Manifestação com o Reino Manifesto), o arcano maior XX (20) do Tarot de Thoth, de Aleister Crowley, tem o nome de "O Aeon" (termo grego que significa A Era, O Ciclo de tempo) e não mais "Julgamento" que comumente vemos em outros Tarots. Isso se dá, pois ele demarca o nascimento de uma Nova Era, de um Novo Ciclo, onde não mais existe a concepção de julgamento ou de punição de uma divindade sobre seus adoradores. 

Com figuras sobrepostas e entremeadas, em que predominam tons azulados e alaranjados, vemos o corpo de uma mulher de cor azul curvado em forma de útero e também no formato da letra grega Omega, representando Nuit, ou Nut, a deusa egípcia do céu, que no período da noite engole o Sol e pela manhã o dá à luz novamente. Vemos também uma esfera de fogo alada e vermelha, representando Hadit, o compenheiro da deusa do céu, e o ponto focal da Consciência.

E da união de Nuit e Hadit, esta a representação do surgimento da Nova Era, da qual Hórus, o deus do Sol, visto como uma divindade dupla (com aspectos introvertidos e extrovertidos da força solar), é o representante.

Este arcano também demarca o resgate das raízes espirituais do mundo ocidental. Temos em primeiro plano, com um cacho do lado da cabeça e a serpente Ureus (símbolo de sabedoria), a criança Hórus (Hoor-pa-kraat), um grande menino coroado, de olhos profundos, nu, livre e inocente, mostrando a superação de velhas estruturas, pisando sobre o passado, e sobre as aberrações cometidas sob os direitos mais básicos do ser humano: o direito a ser Feliz. A criança não nos mostra mais o nascimento, vida e morte, mas a continuidade da existência: a Eternidade.

A energia do Sol é revelada em todo seu potencial em seus aspectos, concentrado e expansivo, sugerindo que a mente e a consciência se reconhecerão como aspectos diferentes de uma mesma coisa. A mente está ligada à alma (corpo/personalidade) e a consciência, por sua vez, está ligada ao espírito (essência/sem corpo). O arcano sugere o fim dos conflitos internos gerados pela dualidade presente em todas as formas de vida. 

O menino Hórus leva a mão esquerda à boca, evocando simultaneamente o ato infantil de chupar o dedo, e o Sinal de Silêncio, comumente usado nos rituais thelêmicos. E este Sinal de Silêncio resume a idéia do Novo Aeon, o Aeon sem palavra, da iniciação pelo silêncio.

Crowley escreveu apropriadamente quando descreveu Thelema: "…representa não uma nova religião, senão uma nova cosmologia, uma nova filosofia, uma nova ética. Coordena os inconexos descobrimentos da ciência. Seu alcance é tão vasto que resulta impossível aludir sequer, a universalidade de sua aplicação… O Æon de Hórus, do Filho, não é meramente um símbolo de crescimento e sim da completa independência e inocência moral. Podemos pois esperar que, o Novo Æon liberte a humanidade de sua falsa pretensão de altruísmo, de sua obsessão pelo medo e da sua consciência do pecado."

Com conotação direta ao tempo, existem algumas divergências quanto período de duração de um Aeon, mas esta é uma discussão menor. Cada Era possui um período de nascimento, estabelecimento, solidificação, decadência e desaparecimento. O período de transição entre um Aeon e outro, é conhecido em Thelema como Aeon de Maat, a neter egípcia do Equilíbrio e da Lei. Esse período relativamente curto é caracterizado pelo avanço rápido de tecnologias e da psique humana, mas também por graves crises planetárias, como que a humanidade presenciou nos meados do século XX.

Temos neste arcano as principais "divindades" que compõem o panteão de Thelema: Nuit, Hadit, e o deus Thoth (Ra-Hoor-Khuit), o Mestre que representado adulto entronado e conquistador. Porém temos muito mais do que isto, vemos a única e verdadeira divindade que rege todo o Aeon que é Hoor-paar-kraat: o ser humano que é a única divindade digna de ser adorada. Hoor-paar-kraat é a Criança que é acolhida perante o Universo. 

Na base da carta, além de uma grande letra hebraica Shin, podemos notar três bebês prestes a nascer, representando a renovação em operação, e também o princípio, feminino, masculino e andrógino, típicos do Novo Aeon.

Percebemos de maneira clara que esta é, exotericamente, a última carta dos Arcanos Maiores, pois a seguinte demarca o início de uma nova etapa: onde um ciclo se encerra e outro se inicia. O arcano seguinte é a perpetuação de um novo e desconhecido caminho.

Diante do número 20 (XX) que marca esse arcano, podemos analisar que o número 10 fecha o primeiro ciclo, o número 20 fecha o segundo, o que se acomoda bem com a idéia de um Primeiro Aeon (regido por Áries, por Ísis, pela Deusa, pelo Deus Chifrudo), um Segundo Aeon (regido por Peixes, por Osíris, por Jesus, pelo Deus Sacrificado), e um Terceiro Aeon (regido por Aquário, por Hórus, pelo Deus Guerreiro e Conquistador, pelo Deus Criança, pelo Deus Andrógino)

Ditando os paramentos deste Equinócio até o próximo Solstício, que por coincidência, marca a efetiva entrada da humanidade na Era de Aquário, esta carta, este arcano, nos convida a dar uma nova ênfase em nossas vidas. Não importa em que âmbito. É hora de deixar os velhos hábitos, e permitir que novos ventos soprem sobre os campos empoeirados. A carta nos aconselha a não se prender a tradições ultrapassadas e não apostar mais nas coisas aparentemente já comprovadas. Em vez disso, nos abramos para novas evoluções e tendências atuais, às quais o futuro pertence.

A partir de agora, um novo tempo se inicia em nossas vidas. Isso pode significar tanto a descoberta e o desenvolvimento de interesses e habilidades, até então ocultos ou velados, como uma evolução decisiva e ampliadora da consciência, ou ainda uma mudança concreta no âmbito pessoal. Esse período pede que cuidemos cautelosamente da semente do novo, dando-lhe tempo e espaço necessários para que cresça saudavelmente.

Falando sobre os aspectos thelemicos, ligados diretamente a carta do Tarot em questão, o Liber AL vel Legis (Livro da Lei) deixa claro que a existência é puro prazer. Não existe mais submissão ou medo perante qualquer deus e seus escravos. Uma Nova Era surgiu dos escombros de civilizações decadentes e de seitas escravocratas. Liberdade gera responsabilidade. Buscamos no princípio da civilização humana as nossas raízes, para criarmos um futuro onde a Liberdade, o Amor, a Vida e a Luz deverão brilhar nas palavras e nas ações de cada ser humano. A inocência da Criança nos libertou do tirano e de suas covardias. Rompemos assim, definitivamente, com toda noção de dor e de sofrimento, é hora de abraçar o novo e ser Feliz!...

2 comentários:

  1. Eu preciso do que vc escreveu no penultimo paragrafo...e urgente!!!!

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  2. Sobre as Eras( Aeon), a Era de Peixes eu associo à Poseidon9Regente de peixes) e à Dionísio(Deus Sacrificado, que Parece com Osiris em alguns aspectos), já a Era de Aquário à Dionísio(Deus Androgino,Deus Criança),Apolo(que se Parece com Hórus, na verdade os gregos e romanos O associaram) e Ganimedes(Deus Androgino e Regente de Aquário).Gostei da versão Egípcia ou da Thelema tb.Eu estou com O Julgamento nesta lunação, que coincidência!Feliz Lua Nova!Feliz Outono para todos nós!=)

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