terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Amor Cladestino

Amor clandestino: um dia você vai ter um. Você solteiro e o outro casado, ou você casado e o outro solteiro, ou ambos casados.

Não é um amor como os outros. Amor clandestino é amor bandido, fora dos padrões. Requer encontros secretos, sussurros ao telefone, algumas datas impossíveis de serem compartilhadas e muita saudade.

Ou seja: é nitroglicerina pura! Nenhum desgaste do cotidiano, nada de sogra, cunhada e, melhor ainda, nada de filhos! É só os dois e aquelas horas contadinhas no relógio, impedindo que o casal perca tempo com qualquer outra coisa que não seja prazer. No entanto, as pessoas sofrem por causa destes amores. Se é tudo uma festa, qual é a bronca?

O amor clandestino, pra começar, é superestimado. Ele tem a cara dos contos-de-fada, dos filmes que passam no cinema, das cenas de novela. Vivenciamos uma idealização: o par perfeito, que vive entre quatro paredes e que ignora o que acontece do lado da porta da rua pra fora. Já que se vêem pouco, as palavras de amor transbordam, e como ao menos um dos dois é comprometido, o jogo da sedução é ininterrupto.

O sexo é a estrela da casa, por causa dele a relação nasceu e se mantém. Não é um amor como os outros, e isso é tão bom que acaba se tornando um problema.

Terminar uma relação assim é acordar de um sonho. E persistir numa relação assim é um pesadelo. O amor precisa ser ventilado, sair pra rua, respirar ar puro. O amor precisa de duas pessoas em igualdade de condições. Acreditar que basta uma cabana é ilusão: o amor precisa ser testemunhado.

Amores clandestinos são tentadores para as pessoas vaidosas, que precisam certificar-se do seu poder de fogo, que necessitam conquistar e serem conquistadas. Quem não tem esta vaidade? Umas sufocam, outras topam a parada. Uns saem da experiência revitalizados, outros atolam.

É muito difícil medir o verdadeiro amor diante de uma relação tão cheia de significados, com tantas armadilhas no caminho, com todo o ilusionismo que a sustenta. O que parece amor pode ser apenas uma fantasia levada às últimas conseqüências.

E o que parece apenas uma fantasia levada às últimas conseqüências pode ser mesmo amor. Falta parâmetros para medir este amor intramuros.

É o céu e o inferno de quem se atreve.
[Martha Medeiros]

3 comentários:

  1. Bom, da licença q eu vou pitacar!rs

    Eu ja tive um amor assim e foi exatamente isso! De qq forma serviu como MUITA experiencia e auto conhecimento, pq eu fui ate o fundo do meu inferno e hoje sei quem realmente sou!!!hehhe

    Valeu pq agora eu posso viver um amor de mãsodadas nas ruas!!

    Bom texto!

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  2. Confesso: já tive vááááááários amores clandestinos... uns melhores, outros piores...uns divertidíssimos, outros nem tanto... mas todos intensos! Sou filha de Cibele, não posso - nem quero - ter um amor do tipo casadinho...rs. Sou muito feliz na clandestinidade! Adorei o texto.

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