sexta-feira, 10 de julho de 2009

Carl Orff - Carmina Burana ( Fortuna )




Em 1995, eu tive a oportunidade de assistir a montagem de "Carmina Burana", no Estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Foi simplismente maravilhoso!...

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Carl Orff nasceu em Munique, na Alemanha, em 10 de julho de 1895, e foi um dos mais destacados compositores do século XX. E sua obra mais famosa é "Carmina Burana".

Ele musicou "Carmina Burana", compondo uma cantata homônima. Com o subtítulo "Cantiones profanae cantoribus et choris cantandae", a obra, por suas características, pode ser definida também como uma "cantata cênica".

Em junho de 1937, em Frankfurt, estreou "Carmina Burana", que faz parte da trilogia "Trionfi" composta por Orff em diferentes períodos, e que compreende os "Catulli Carmina" (1943) e o "Trionfo di Afrodite" (1952).

A cantata é emoldurada por um símbolo da Antigüidade - A Roda da Fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança, mas não apresenta uma trama precisa.

Orff optou por compor uma música inteiramente nova, embora no manuscrito original existissem alguns traços musicais para alguns trechos. Requer três solistas (um soprano, um tenor e um barítono), dois coros (um dos quais de vozes brancas), pantomimos, bailarinos e uma grande orquestra (Orff compôs também uma segunda versão, na qual a orquestra é substituída por dois pianos e percussão).

A obra é estruturada em prólogo e duas partes. No prólogo há uma invocação à deusa Fortuna na qual desfilam vários personagens emblemáticos dos vários destinos individuais.

Na primeira parte se celebra o encontro do Homem com a Natureza, particularmente o despertar da primavera - "Veris laeta facies" ou a alegria da primavera. Na segunda, "In taberna", preponderam os cantos goliardescos que celebram as maravilhas do vinho e do amor("Amor volat undique"), culminando com o coro de glorificação da bela jovem ("Ave, formosissima"). No final, repete-se o coro de invocação à Fortuna ("O Fortuna, velut luna").

A trilogia "Trionfi" descrita pelo compositor como "a celebração de um triunfo do espírito humano pelo o balanço holístico e sexual".

O trabalho foi baseado no verso erótico do século XIX de um manuscrito chamado "Codex Latinus Monacensis", encontrado durante a secularização de 1803, no convento de Benediktbeuern - a antiga Bura Sancti Benedicti, fundada por volta de 740 por São Bonifácio, nas proximidades de Bad Tölz, na Alta Baviera.

O códex comprende 315 composições poéticas, em 112 folhas de pergaminho, decoradas com miniaturas. Atualmente o manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional de Munique.

Apesar de moderno em algumas de suas composições, Orff soube capturar o espírito da era medieval em sua trilogia. Os poemas medievais foram escritos de uma forma arcaica de alemão e latim.

Com o sucesso de "Carmina Burana", Orff abandonou todos os seus trabalhos anteriores, exceto por "Catulli Carmina" e "En trata", que foram reescritos até serem reaceitos por Orff.

Ao longo de sua vida, Carl Orff trabalhou bastante com crianças, usando a música como uma ferramenta educacional, tanto a melodia e o ritmo, tratadas através de palavras.

Nos círculos pedagógicos, Orff é lembrado por essa nova abordagem da educação musical, desenvolvida junto com Gunild Keetman e consubstanciada no seu método Orff-Schulwerk (1930-35).

Sua simples instrumentação permite que mesmo crianças não iniciadas possam executar peças musicais com facilidade. O termo Schulwerk em alemão significa tarefa (ou trabalho) escolar.

Carl Orff morreu em sua cidade natal em 29 de março de 1982.

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Carmina Burana - O Fortuna, Imperatrix Mundi

O Fortuna,
Ó Fortuna,

Velut Luna
És como a Lua

Statu variabilis,
Mutável,

Semper crescis
Sempre aumentas

Aut decrescis;
Ou diminuis;

Vita detestabilis
A detestável vida

Nunc obdurat
Ora oprime

Et tunc curat
E ora cura

Ludo mentis aciem,
Para brincar com a mente;

Egestatem,
Miséria,

Potestatem
Poder,

Dissolvit ut glaciem.
Ela os funde como gelo.

- = - = -

Sors immanis
Sorte imensa

Et inanis,
E vazia,

Rota tu volubilis
Tu, roda volúvel

Status malus,
És má,

Vana salus
Vã é a felicidade

Semper dissolubilis,
Sempre dissolúvel,

Obumbrata
Nebulosa

Et velata
E velada

Michi quoque niteris;
Também a mim contagias;

Nunc per ludum
Agora por brincadeira

Dorsum nudum
O dorso nu

Fero tui sceleris.
Entrego à tua perversidade.

- = - = -

Sors salutis
A sorte na saúde

Et virtutis
E virtude

Michi nunc contraria
Agora me é contrária.

Est affectus


Et defectus
E tira

Semper in angaria.
Mantendo sempre escravizado

Hac in hora
Nesta hora

Sine mora
Sem demora

Corde pulsum tangite;
Tange a corda vibrante;

Quod per sortem
Porque a sorte

Sternit fortem,
Abate o forte,

Mecum omnes plangite!
Chorai todos comigo!

11 comentários:

  1. É fodástico. Tenho cd e consegui comprar um livro com as letras, tem em latim original e a tradução em português, como vc colocou aqui.


    Muito, muito, muito, muito bom!

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  2. Sabe o quê eles falam no livro? Que o Carl Orff mudou algumas coisas, mas as letras são dos monges de um mosteiro alemão chamado Benediktbeuern, que foram encontradas em manuscritos em 1803. Mas foram escritas originalmente entre os séculos XI e XIII. Por isso, um certo receio e muito cuidado ao divulgá-los, pois são textos pagãos...rsrs

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  3. Paulinha, o CD eu tbm tenho... Mas um livro com as letras em latim e tbm traduzidas para o português, é tdo de bom!... Como vc bem disse... É fodástico!...rsrs

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  4. Pois é... Pra variar o povo morria de medo das questões pagãs...rsrs
    Eu citei o manuscrito "Codex Latinus Monacensis", no texto acima... Hoje ele esta na Biblioteca Nacional de Munique...

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  5. É esse mesmo, esses manuscritos que foram encontrados lá no Mosteiro.

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  6. Que vontade de desfrutar o prazer de poder vê-los de pertinho... Eu ainda vou!...

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  7. Ô, se quiser companhia...rsrs

    Sempre disse aos meus amigos, que um dia...ou eu vou pro Mato Grosso, ou vou pra Alemanha! rsrsrs


    beijo grande

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  8. Ok, Paulinha!... Tá combinado, vc vai comigo!... A Alemanha será pequena pra nós...Uhuuu!...rsrs

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  9. Hummm,...isso faz muito bem prá alma.
    As vezes leio suas coisas. São bem gostosas.
    Tô em algumas redes, como a da Paula, mas ainda não consegui ter tempo prá cuidar do meu próprio blog.
    Beijo. Vera.

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  10. Oi Vera... Fico feliz que goste de passear por aqui... Eu demorei muito para escrever e postar coisas no meu blog com mais freqüência... Como acredito que tudo tem seu tempo, tenho certeza que quando vc menos esperar, já estará fazendo o mesmo. Bjão

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  11. Quem esteve lá não esquece do espetáculo e do helicóptero que sobrevoava o estádio fazendo propaganda de um banco antes de terminar a apresentação!

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