sábado, 25 de setembro de 2010

Tirada de Tarot - Equinócio de Primavera/2010 (hemisfério sul)

Entrada da Primavera, 23 de junho às 00h09 (horário de verão de Brasília). 

A lâmina que tirei para o período do equinócio ao solstício: 

A Estrela

A Estrela do Thoth Tarot de Aleister Crowley, traz a maravilhosa Deusa Nuit, Senhora das Estrelas, no centro da carta. Seu corpo nu é azulado e curvilíneo. Seus longos cabelos fluem em movimento ondulado como seu corpo. 

Nuit ou Nut, é a Deusa do Céu na mitologia egípcia, filha de Shu e Tefnut. Irmã e esposa de Geb, a Terra.

Mãe de Osíris, Seth, Ísis e Nephtys, Nuit é descrita por Crowley como a cortesã de Hadit, mas esta revelação se deu no "Liber AL", não tendo base na mitologia egípcia tradicional.

Nuit é o espaço infinito, ao passo que Hadit é a máxima contração. No desenho da carta, Nuit aparece na forma humana. A nudez representa o despojamento, sinceridade, naturalidade e pureza. 

Ela despeja com a mão direita, a água de um pote, de cor verde-musgo claro, a altura de sua cabeça, o que representa a renovação. Já na mão esquerda, ela despeja o líquido da taça de cor verde azulado escuro, no mar de Binah.

Os líquidos possuem estrutura diversa. A taça que Nuit dispensa em Binah baseia-se em linhas retas, equivalente a antiga idéia de que o mundo é reto e uniforme, fundamento da já ultrapassada geometria euclidiana. Já a taça da mão direita apresenta um fluxo estruturado em uma rotação no sentido horário (contrariamente à Estrela de Babalon, que gira em sentido anti-horário), mas que cai de maneira desordenada, seguindo rotas irregulares e imprevistas.

Isso é uma representação do abandono das fórmulas antigas (aquelas puramente materialistas e cartesianas, que se autodestroem no arcano A Torre) para a aceitação da irregularidade e do caos que caracterizam nosso mundo em desenvolvimento.

A natureza é aparentemente caótica, mas sua harmonia é suprema e nela residem aspectos fundamentais de Deus ou de Deidades. O nosso mundo é redondo e o universo que o contém, cheio de irregularidades que se provam coerentes à luz de uma visão mais ampla.

Ao fundo da carta, pontos luminosos noturnos. Os cabelos de Nuit não têm fim (ou como diz a própria Deusa em "Liber AL"... "por causa do meu cabelo as árvores da eternidade") e cristais aos seus pés fazem a ligação com o arcano da Sacerdotisa.

A estrela de Babalon surge no canto superior esquerdo. Suas sete pontas indicam a luz no fim do túnel. E esta luz é a anunciação para o arcano seguinte, que vem a ser o túnel em si, seguido pela luz do Sol.

Babalon é a Prostituta Escarlate que monta a Besta do Apocalipse, trazendo a Nova Era e a Revolução dos Tempos.

Perto de sua cabeça, à esquerda, outra estrela de sete ponta realiza o mesmo movimento centrífogo que a Estrela de Babalon, e na mesma direção anti-horária. A sensação que a carta transmite é de uma atmosfera hipnótica, pois a perda total vivida no arcano anterior (a declaração oficial de morte iniciada no décimo terceiro arcano) larga espaço para o despojamento daqueles que, por nada terem, com nada se preocupam e, por não se preocuparem com nada, acabam por se entregar ao fluxo (a rotação das estrelas, o derramamento de líquidos e a água aos pés de Nuit). Atrás da Deusa, está o globo celeste que a representa em mais um de suas várias formas. 

O arcano representa em que estamos entregues à mercê do fluxo. Ainda assim, há tranqüilidade e movimento, pois não se trata de um arcano prostrado como "O Pendurado", por exemplo. Há a certeza de que o mal (por mais ingênuo que isso possa soar) se foi. 

A carta traz o número 17 que representa a pureza e a espiritualidade compatíveis com a vivência da materialidade.

Na astrologia, A Estrela traz o signo de Aquário, símbolo de objetividade, impessoalidade e abrangência. Que é regido por Urano, que representa a ruptura com padrões antigos e a instauração de maiores liberdades individuais, e de uma maneira mais aberta de pensar.

A letra hebraica que rege este arcano é He. Esta é outra das polêmicas mudanças operadas por Aleister Crowley no Tarot de Thoth. Para entendê-la temos que recorrer ao "Liber AL" no qual Nuit diz, por intermédio de Aiwass... "Todas as velhas letras do meu Livro estão corretas, mas Tzaddi não é a Estrela. Isto também é secreto: meu profeta o revelará aos sábios"... 

Graças a isso, Crowley viu-se na obrigação de decifrar o enigma, pondo-se a pesquisar qual seria a letra certa para o arcano "A Estrela", já que Nuit ao mesmo tempo indicava o erro e propunha o enigma. Crowley notou que Tzaddi representa o Esposo, e sua etimologia evoca Tsar, Czar, e termos que representam um rei, imagem apropriada para o Imperador. Por sua vez, a letra que era então atribuída ao arcano quatro, He significa Janela, a letra da Mãe no Tetragrammaton (Yod-He-Vau-He). 

Sendo o arcano 17 a materialização humana de Nuit, nada mais adequado, fazendo sentido portanto, a orientação dada em "Liber AL". 

O caminho cabalístico deste arcano é o Tiphareth - Chokmah. Caminho que conduz à Visão da Divindade, a manifestação da criação pura na escuridão.

A tônica deste equinócio regido pela Estrela do Thoth Tarot é a experiência de cura, renovação, entrega a outro pensamento, um novo estado de consciência. As muitas mudanças se darão, sobre tudo no plano mental. À primeira vista a Estrela pode se mostrar apenas nua e desprovida de tudo, mas na verdade ela traz um manancial de vivências acumuladas em seu interior.

Aposte em novas metas, faça planos para o futuro, mas sempre sem deixar de viver com prazer o presente. É chegado o momento para novas esperanças e visões direcionadas para este futuro. Principalmente depois de passar por um período difícil de restrições e crise. Isso diz respeito a todas as áreas, mas principalmente no âmbito dos relacionamentos. 

É a hora de tirar os velhos escombros do caminho, lavar as feridas com a água curadora, observando toda situação num posto privilegiado. Este é um equinócio também para purificação interior e crescimento espiritual. Vamos sintonizar nossa vida em harmonia com a ordem cósmica.   

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