sexta-feira, 25 de março de 2011

Leila do Brasil


Hoje é 25 de março!... Ao citar essa data, muita gente vai se lembrar de uma famosa rua no centro da capital paulista que virou referência de local compras em todo Brasil.

Mas para mim, essa data lembra uma mulher loucamente maravilhosa, que passei a admirar muito ao conhecer sua história. Estou falando da atriz brasileira, Leila Diniz que se estivesse viva, completaria hoje 66 anos de idade.


Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, Leila Roque Diniz (seu nome de batismo), formou-se em magistério e foi ser professora do jardim de infância no subúrbio carioca. Aos 17 anos, conheceu seu primeiro amor, o cineasta Domingos de Oliveira e casou-se com ele. O relacionamento durou apenas três anos. 

Foi nesse momento que surgiu a oportunidade de trabalhar como atriz. Primeiro estreou no teatro e logo depois passou a trabalhar na TV Globo, atuando em telenovelas. Mais tarde, casou-se com o cineasta moçambicano Ruy Guerra, com quem teve uma filha, Janaína


Participou, ao todo, de quatorze filmes, doze telenovelas e várias peças teatrais.
Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil, escandalizou ao exibir a sua gravidez de biquini na praia, e chocou o país inteiro ao proferir a frase: "Transo de manhã, de tarde e de noite"

Considerada uma mulher à frente de seu tempo, ousada e que detestava convenções, foi invejada e criticada pela sociedade machista das décadas de 60 e 70. Era malvista pela direita opressora, difamada pela esquerda ultra-radical e tida como vulgar pelas mulheres ditas castas da época.


Leila falava de sua vida pessoal sem nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Concedeu diversas entrevistas marcantes à imprensa, mas a que causou um grande furor no país foi a entrevista que deu ao jornal "O Pasquim" em 1969. Nessa entrevista, ela, a cada trecho, falava palavrões que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: "Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo"...

O exemplar mais vendido do jornal foi justamente esse onde houve a publicação da entrevista da atriz fluminense. E foi também depois dessa publicação que foi instaurada a censura prévia à imprensa, mais conhecida como "Decreto Leila Diniz". 


Perseguida pela polícia política, Leila se esconde no sítio do colega de trabalho e apresentador Flávio Cavalcanti, se tornando jurada do programa deste, no momento em que era acusada de ter ajudado militantes de esquerda. 

Alegando razões morais, a TV Globo, do Rio de Janeiro, não renova o contrato com a atriz. De acordo com a escritora de telenovelas global (na época) Janete Clair, não haveria papel de prostituta nas próximas telenovelas da emissora.

Meses depois, Leila reabilita o chamado "teatro de revista", e começa uma curta e bem sucedida carreira de vedete. Estrelando a peça tropicalista "Tem banana na banda", improvisando a partir dos textos escritos por Millôr Fernandes, Luiz Carlos Maciel, José Wilker e Oduvaldo Viana Filho


Recebe de Virgínia Lane (consagrada ex-vedete) o título de "Rainha das Vedetes". No carnaval de 1971, é eleita "Rainha da Banda de Ipanema" por Albino Pinheiro e seus companheiros.

Morreu num acidente aéreo, vôo JAL471, da Japan Airlines, no dia 14 de junho de 1972, aos 27 anos, no auge da fama, quando voltava de uma viagem feita para a Austrália.

Sua amiga, a atriz Marieta Severo e o compositor e cantor Chico Buarque de Hollanda cuidaram da filha de Leila Diniz e Ruy Guerra, durante muito tempo; até o pai da criança ter condições plenas de assumir a filha, Janaína Diniz Guerra.


Um cunhado advogado se dirigiu a Nova Délhi, na Índia, local do desastre, para tratar dos restos mortais da atriz. Acabou encontrando um diário onde continha diversas anotações e uma última frase, que provavelmente estava se referindo ao acidente: "Está acontecendo alguma coisa muito es...."

Leila Diniz, "A Mulher de Ipanema", defensora do amor livre e do prazer sexual é sempre lembrada como símbolo da revolução feminina, que rompeu conceitos e tabus por meio de suas ideias e atitudes.


Encerro com uma frase de outro grande admirador de Leila Diniz, o poeta Carlos Drummond de Andrade...

"Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão."

4 comentários:

  1. Nossa, que delícia de post.
    Ela era demaaais mesmo.
    Sou fanzona dela...

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  2. Uau! Não conhecia nada sobre a vida dela, a não ser o fato da exposição da gravidez na praia e de sua liberdade. Ótimo post, Fau! Thanks!

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  3. Linda, boca suja, vedete e livre!! Isso pra mim é poesia em forma de mulher!!! " Toda mulher,é meio Leila Diniz"!

    "Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo"...

    O negocio é que se naquela epoca isso causou frisson...pior é ver q ainda hoje isso causa talvez um frisson até maior!

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  4. Grande Leila Diniz...sempre a admirei muito....muito bom o post.
    Obrigada. Beijos

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